segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Loucos por compras...

... Apesar de ser um vício, nem todos reconhecem a mania de comprar como um problema a ser tratado. Fique de olho nos sintomas, busque ajuda e livre-se das dívidas. 


Nesta postagem vou falar de um problema que esta acontecendo comigo, sou compulsiva por compras, não trabalho, gasto dinheiro dos outros e ainda não me satisfaz o que compro. Resultado, tristeza, depressão, psiquiatra, psicóloga e remédio... Isso não é vida para ninguém, assim como fui atras do meu problema, vou ajudá-los a resolver o de vocês.

Mania Perigosa

Comprar coisas sem necessidades, sentir culpa, vergonha, esconder as aquisições e não conseguir se controlar diante da compra são características da chamada oneomania - vício em comprar - que tem se intensificado nos últimos anos. Apesar de não ser considerada doença pela organização Mundial da Saúde, é tida como um dos transtornos do impulso, reconhecido pelo sociedade Brasileira de Psiquiatria. Assim como o vício em jogos ou drogas, a dependência do consumo, de coisas caras até as mais insignificantes, causa problemas para a saúde e a vida de quem sofre e precisa de tratamento para esse mal. 

Tudo bem que, em tempos de consumismo exacerbado e grandes ofertas, é previsível que as pessoas não reconheçam o problema até que se afundem em dívidas e comecem a ter dificuldades no casamento ou trabalho. Sem fala que, como em qualquer transtorno, reconhecer o problema e buscar orientação é um processo demorado, que, na maioria das vezes, só acontece em consequência de uma atitude extrema.

A psicóloga Karina Lira explica que "o comprar compulsivo vem como uma resposta a um mal-estar que pode ser angústia ou ansiedade, se mostrando como forma de alívio. Ao evitar a compra é comum o suar frio, ter dores no estômago ou de cabeça". A especialista explica ainda que há uma sensação boa, pela descarga anormal de dopamina no cérebro ao entrar em uma loja e se deparar com o objeto de desejo. Essa substância é justamente a responsável pela sensação de prazer e euforia, mas cai rapidamente, logo após a compra.

Homem também..

Pesquisas apontam que a cada 10 oneomaníacos, 8 são mulheres e, antes que você, leitor do sexo masculino, pense: "eu já sabia", é melhor se segurar. "Existem muitas discordâncias quanto à informação, pois, como em qualquer outro transtorno, é sabido que as mulheres buscam mais ajuda, diferente dos homens que resistem, inclusive a reconhecer o problema", pondera Karina. Isso significa que muitos homens deve estar sofrendo com o problema sem saber.

O excesso de oferta de crédito e a publicidade cada vez mais profissional, bem como letal, são apontadas pelos especialistas como estopins para o gatilho da compulsão, que também recebe o nome de shopaholic nos consultórios. "Consumir é algo que a sociedade vê de forma positiva, e somos todos estimulados a comprar. As pessoas trabalham cada vez mais para comprar coisas que impressionem os outros ou as faça se sentir superiores, ou seja, é uma anestesia emocional para resolver tristeza, ansiedade e problemas de autoestima" explica Tatiana Filomensky, coordenadora do grupo de tratamento dos transtornos do impulso de Psiquiatria do Hospital das Clínicas em São Paulo. Justamente por ser tão comum saber de pessoas endividadas, não se presta tanta atenção aos sintomas nem à gravidade do transtorno. Mas muito além do problema bancário, a oneomania pode esconder sérios problemas psíquicos que precisam de tratamento, pois ceder às compras só alimenta o círculo vicioso.

Tratamento

Estima-se que quase 2% da população mundial sofram com o problema, mas, por falta de informação e lentidão em buscar ajuda, o número pode ser bem maior. Pensando nesse público, o Hospital da Universidade de Erlangen, na Alemanha, criou um grupo de apoio para o tratamento dos compradores compulsivos. Quase metade de um grupo de 60 pacientes tratados conseguiu controlar a compulsão excessiva pelas compras, mesmo 6 meses após o fim do tratamento. 

No Brasil, é possível encontrar ajuda médica, gratuitamente, no Hospital das clínicas em São Paulo, ou procurar o Devedores Anônimos, grupo de autoajuda nos moldes do Alcoólicos Anônimos. Segundo o site da associação, são mais de 500 grupos de apoio espalhados em 18 países para ajudar pessoas que não conseguem controlar seus impulsos quando o assunto é dinheiro.

No Brasil, eles atuam em 10 grupos espalhados por 4 estados e atendem bem quem compra sem parar. Vale reforçar que muitas pessoas se endividam sem a menor necessidade real. Segundo a Associação Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro (Andif) em pesquisa com 6 mil inadimplentes, foi relatado que 30% deles se endividaram com itens supérfluos. Por isso, o cartão de crédito e o cheque são um perigo na mão de pessoas que já apresentam os primeiros sinais da compulsão ainda na adolescência.

Os pais, aliás, devem cuidar com os filhos que, desde cedo absorvem o que passa com os adultos e podem copiar comportamentos doentios, por vários fatores. Pais ausentes, por exemplo, que compensam a carência dos filhos com presentes, ensinam um modelo de ação que será seguido na vida adulta, sempre que a pessoa se sentir carente. Além disso, ao observar os pais comprando sem parar, a criança entende que é essa a conduta normal do comportamento humano, passando a crer que o mais importante na vida é mesmo ter do que ser, método que ser torna natural na busca de alívio e compensação.

Comprar, desesperadamente, tudo o que se encontra, na expectativa consciente ou não de aliviar a tensão e as tristezas da vida, pode acrescentar problemas aos que já existem, aos que, inclusive, foram a motivação para abrir a carteira.

Portanto, fique de olho: se você tem roupas e sapatos que nunca usa; se sua casa é cheia de apetrechos que nem sabe porque comprou; se seu cônjuge ou filho vivem dizendo que você gasta demais e o salário mal dá conta de tanta despesa, ou ainda, se sofre quando cisma de comprar alguma coisa, procure ajuda, pois você pode ser vítima desse transtorno.

Comprar de forma saudável, algo do qual realmente você precisa, é uma coisa. Gastar dinheiro, que se ganha com tanto esforço, para resolver problemas emocionais é outra. 

Atenção: O comprar compulsivo pode estar relacionado também a sensação de inferioridade. Numa sociedade que dá grande ênfase ao ter em detrimento do ser, as pessoas são induzidas a pensar que o valor delas está associado ao seu poder de compra ou às coisas que possui. Um exemplo é uma mulher que não gosta da própria imagem e gasta somas altíssimas com roupas, artigos de beleza ou sapatos, só para se sentir mais bonita ou conseguir melhores posições no trabalho. Geralmente, o problema está relacionado com ansiedade, angústia ou imagem distorcida de si mesmo. 

Dicas para controlar a compulsão pelas compras:

- Quebre seus cartões de crédito e rasgue os cheques. Faça compras somente com dinheiro vivo e nunca parcele. Peça ajuda para um amigo ou parente e convide-os a ir com você quando bater a vontade de dar uma voltinha no shopping.

- Procure um profissional para averiguar a causa de sua compulsão. Muitas vezes, uma rejeição, ainda que na infância, pode ser a causa de compras desenfreadas.

- Se você gostar de alguma coisa da vitrine, nunca compre na hora, pense que pode voltar outro dia e avalie melhor o impacto daquele gasto. evite encontrar com o hábitos em centros comerciais, onde as compras são o grande negócio. Convide seus amigos para fazer algo em casa ou leia um livro.

- Anote tudo o que você gasta e faça uma lista com as coisas de que realmente precisa, antes de sair de casa para comprar. Fuja das lojas com a palavra liquidação na porta.

Referência:
Revista Vida e Saúde - Dezembro 2012.

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